VERDADE RELATIVA
VERDADE RELATIVA
A verdade não tem dono. Ela existe para ser interpretada de acordo com os parâmetros de cada um. Contudo, há uma realidade latente, estampada na cara da gente que bate à nossa porta e nos bate até doer o bolso.
Como não notar a realidade das ruas, das pessoas desfiguradas, queimadas pelo sol? Como não perceber os corpos exauridos dos trabalhadores da terra, dos que executam os duros trabalhos manuais? Como não perceber a degradação, a prostituição, a violência, a exploração religiosa e política de toda essa situação, essas gêmeas agora tão idênticas?
Não consigo ignorar e de me sentir ofendido com quem ignora “tudo isso daí”. A ofensa é maior quando vimos enfaticamente pessoas remediadas socialmente considerar como lixo essa gente que não pode ou não consegue viver “como a gente”.
A que distância estamos dos que detém o poder político e econômico dos que são explorados? Somos também exploradores ou explorados? Até onde alcança nosso discernimento? Há muita gente que não se percebe porque recebe unguentos mensais. Não há muita diferença entre uns trocados conseguidos nos faróis de trânsito dos salários corroídos pela inflação, recebidos em terminais de caixas eletrônicos que substituíram bancários, os operários do capital.
Nossa sociedade está gravemente doente. Há muita gente negando esmola porque “não quer alimentar a pobreza, a vadiagem, a vagabundagem”, ou até mesmo porque não tem. Há mais gente doando para se sentir bem, mas deveria pedir também.
Enfim! A doença mais grave salta aos olhos em relação à percepção política. Tentam colocar rótulos tais como a tal polarização. Não! Nada disso! Essa gente impoluta, essa gente má que se diz do bem, não está nos polos. Está convivendo conosco, bebendo e comendo conosco. Eventualmente até dormindo. Essa gente só se sente confortável para expor o que sempre sentiu vontade de fazer, de ser, de se expor.
COSN
Poeta matemático
Enviado por Poeta matemático em 13/06/2024