ENSINAR APRENDENDO
ENSINAR APRENDENDO
Quando em solidão, aproveito minha companhia para chorar meu choro mais doloroso e, na maioria das vezes, sem lágrimas. Aproveito-a para perdoar a mais execrável ofensa sem que o perdoado saiba. Aproveito a solidão para fazer a oração que Deus ouve como uma canção e não como um pedido, um lamento.
Quando estou só, sei que estou bem acompanhado, mas olho e não vejo ninguém ao meu lado. Acompanho-me muitas vezes do passado e me arrisco a visitar o futuro incerto. Fico em paz com meus mais inconfessáveis pensamentos sem ter medo de ser julgado por outras pessoas. É quando escrevo e rasgo minhas mais incompreensíveis poesias.
Quando estou só, me cerco com as lembranças dos meus melhores amigos, principalmente aqueles que estão passando por momentos difíceis, os que padecem de pobreza material e com mais pesar, os que padecem da miséria espiritual, política e social.
Quando estou só, lembro dos meus alunos. Lembro da fisionomia de cada um. Das suas expressões, angústias e expectativas; da aflição do futuro incerto, da expressão de medo do desemprego, do insucesso. Lembro dos que têm fome de conhecimento e dos que não acessam o conhecimento porque têm fome de comida.
A solidão é minha melhor professora. Ela me ensina a ensinar meus alunos e aprender com eles. Ela me ensina a viver melhor e me tornar uma melhor pessoa. A solidão me ensina a ser o professor que me tornei, que não me orgulho do que sei, mas me orgulho do que ensino e ensinei.
COSN
Poeta matemático
Enviado por Poeta matemático em 15/06/2024