PASSADO
PASSADO
Apagaram-se os pirilampos
Da minha livre infância.
Calaram-se os galos dos poleiros;
Os currais inodoros e sem berros
Sem cavalos, capins e vaqueiros
Não residem mais nos sertões.
As roças não cheiram mais
A arroz maduro e milho verde.
Dos rios e lagos expulsaram
Jaçanãs, socós e lambaris.
Dispensaram os bons modos:
- Com licença, por favor, obrigado...
Proibiram as bênçãos das crianças:
- Bença pai, bença mãe, bença vovô...
Amputaram os abraços fraternos,
Criminalizaram o ósculo entre irmãos.
Rarearam os cadernos escolares
Sepultaram as agendas e seus segredos;
Livros nas prateleiras são fantasmas
A espera de um velho leitor.
Os velhos que a tudo isso veem
São tratados vivos como se mortos fossem.
COSN
Poeta matemático
Enviado por Poeta matemático em 19/06/2024