Poeta matemático
Um matemático que faz poesias. Um poeta que ama a matemática.
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Textos
VERGONHAS NUAS
VERGONHAS NUAS

Moro nos interstícios da minha memória
Nos meandros escondidos da sinuosa história
Nos projetos inacabados de ter pertencido
À realidade inflamada de me ver esquecido

Vivo na letargia dos sonhos não dormidos
Descansando nas noites dos oprimidos
Depois de dias intermináveis de labuta
Sob o chicote da precisão - força bruta.

Preso pelo desprezo a gerações postulado
Não tive escolha senão esse único lado
Para remoer a revolta pela cruel tirania.
Sublevo-me para servir-me dia após dia

De migalhas temperadas com suor e medo
De não poder abrir o cadeado do degredo
Condenado a gerações na mesma classe social
Em que plantaram meus ancestrais nesse quintal

Sem cercas de arame farpado, mas de rosários
De promessas de purgatórios e sofrimentos vários
Ante o alívio de um paradisíaco e distante céu
Com manás e mel que adoçam a boca do réu.

Desde a nascença pela crença e fé impostas condenado
“Amanhã deus proverá...” o alimento do desesperado
Que se abrigará na indulgência de fétidas prisões e ruas
Sem sonhos, mas com as vergonhas de existir quase nuas.
Poeta matemático
Enviado por Poeta matemático em 18/03/2025
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